A dependência química é um dos assuntos mais complexos debatidos por nossa sociedade atualmente. Isso se deve a inúmeros fatores como desconhecimento de causa, julgamentos de valor e por causar mal-estar em diversas áreas em nosso meio, como a política, a familiar e a educacional.
Apesar de sua complexidade, é um assunto que deve ser falado e tratado de maneira séria afinal, talvez cada um de nós conheça um dependente químico e ainda não saibamos como lidar com isso.
Devemos tratar o assunto como uma doença, o que de fato é. As pessoas julgam, muitas vezes, esse mal como um ‘simples vício” no entanto, a dependência química é um distúrbio que afeta o indivíduo de uma maneira a fazê-lo perder o controle do uso de determinada substância. Essa compulsividade degrada o estado físico, mental e social de seu portador. Mais do que uma mera vontade da pessoa, o cérebro julga necessário o consumo da droga.
Outra questão que é de suma importância ressaltar é o fato da dependência poder ser de uma droga ilegal ou não. Podemos englobar aqui desde dependentes de cocaína, maconha, heroína e etc até os de tabaco ou o álcool, por exemplo.
Clinicamente falando, o que é a dependência química?
A dependência química, acima de tudo é uma doença.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) possui um catálogo de registro de doenças (o Código Internacional de doenças – CID) e nele há um conjunto de classificações próprias relacionadas a dependência de substâncias químicas que vão do CID F10 ao CID F19, os quais englobam desde intoxicação aguda até a dependência e suas complicações.
Esse fato revela a seriedade do assunto. Pessoas dependentes químicas devem ser tratadas como de fato são: portadoras de uma doença. Elas devem ter orientação médica (geralmente acompanhado de muitas outras áreas da saúde como psicologia, nutrição, terapia ocupacional, assistência social… enfim multidisciplinar) e apoio familiar.
Quando devo diferenciar um dependente químico de um usuário recreativo?
Antes de mais nada, é importante ressaltar que o uso de substâncias ilícitas traz não só consequências para a saúde, mas também criminais. A Lei de Droga (11 343/2006) prevê sanções educativas, administrativas ou mesmo penais para os usuários de drogas ilegais. Por isso, ao longo desse texto, trataremos das consequências clínicas desses pacientes, observando-os como portadores de um distúrbio e não como alguém que inflige a lei, não entraremos em méritos legais.
Nem todo usuário é um dependente, mas ele corre o risco de ser. A dependência ocorre quando o indivíduo perde o controle do uso da substância, não consegue ver suas consequências negativas e substitui atividades importantes por momentos de uso. Há também uma grande fissura pelo consumo, tendo algumas reações corporais, sem hora exata de surgimento, que só são cessadas após a utilização da droga.
O processo para um usuário recreativo se tornar um dependente químico vai depender da idade, tempo e da substância que o usuário consome. Há também de se considerar o histórico familiar, se houver um caso antecedente, há chances ainda maiores para se tornar um.
Como tratar?
Nem sempre um usuário pode se reconhecer como um dependente. Por isso, é preciso tato das pessoas próximas para lidar da melhor maneira possível com o caso.
A indicação do tratamento consistirá de avaliação do paciente e de seus exames para indicar qual a melhor intervenção para casa caso (tratamento ambulatorial ou internação).
Além disso, a resistência do dependente ao tratamento pode fazer com que a família peça tratamento involuntário, ou seja, faça pedido para que o paciente se trate sem que o mesmo queira. Neste caso, há todo o rigor de se observar se esse processo é de fato necessário e uma lei que prevê esse procedimento (10.216 de 06 de abril de 2001) de modo que o tratamento involuntário necessita de autorização judicial.
Em qualquer que seja o caso, a família, os amigos e as pessoas ao redor, deverão apoiar o dependente químico. Há riscos de recaídas durante o tratamento que podem ser causadas por influência de seu meio. Por isso, é importante a seriedade do tratamento, se evitando ao máximo o julgamento de juízo ou o menosprezo do problema.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em Lucas do Rio Verde!