“Sempre que vou sair de casa, coloco o telefone dentro da bolsa no mesmo lugar, entretanto, quando já estou dentro do carro saindo para o trabalho, preciso conferir se ele está lá, mesmo sabendo que ele está (eu mesma o coloquei há minutos), pois se eu não der essa última olhada não me tranquilizo…”
Há pessoas que, numa situação como essa, não se contentam em dar só uma olhada, precisam olhar dez, vinte, trinta vezes e, mesmo assim, continuam em dúvida e ficam ansiosas. Isso pode ser uma doença…
O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um distúrbio de ansiedade, ou seja, uma doença onde ocorre uma preocupação exagerada acerca de um fato e que se manifesta obsessões e/ou compulsões.
OBSESSÕES: São PENSAMENTOS intrusivos (invadem a mente sem que se queira), indesejados, que provocam resistência (induzem o indivíduo a lutar contra, geralmente sem sucesso) e egodistônicos (seu conteúdo contraria seus valores morais e seus desejos). São exemplos de obsessões:
– Medo de contaminação e preocupações excessivas com germes, radiações, “energias negativas”, doenças…
– Necessidade de certeza de que a possibilidade de algum dano ou ameaça foi reduzida ou eliminada (medo do gás estar ligado, porta destrancada, geladeira aberta…).
– Pensamentos repugnantes de conteúdo violento: medo de atirar o bebê da sacada, empurrar um idoso, envenenar um familiar, atropelar ou esfaquear alguém…
– Obsessões de conteúdo sexual ou blasfemo: medo de molestar uma criança, medo de dizer obscenidades ou palavrão a um padre…
COMPULSÕES: são COMPORTAMENTOS repetitivos que o paciente executa para controlar, prevenir ou reduzir as obsessões ou, ainda, para impedir que algo terrível aconteça. São exemplos:
– Lavar as mãos repetidas vezes para proteger-se de germes.
– Verificar repetidas vezes se a porta está trancada, se o gás está fechado, geladeira fechada, etc…
– Contar, repetir palavras ou frases.
– Fazer certas coisas um determinado número de vezes (ex. apagar e acender a luz) para evitar uma desgraça.
– Alinhar objetos para que fiquem na posição “certa”.
– Acumular ou armazenar objetos sem utilidade e não conseguir descartá-los.
– Repetições diversas: olhar, tocar, bater de leve, raspar, estalar os dedos, sentar e levantar, entrar e sair…
Para se diagnosticar o TOC, é preciso que esses PENSAMENTOS ou COMPORTAMENTOS tragam ansiedade patológica e sofrimento ao indivíduo, além de alterações em sua qualidade de vida, ou seja, às vezes ter “mania” de contar quantas janelas tem uma casa não necessariamente é doença; porém se eu preciso contar aquelas janelas e não consegui, dou a volta no quarteirão, paro meu carro para contar exato, repito a contagem para não ter dúvidas, há algo errado…
O TOC tem tratamento, como trata-se de um transtorno de ansiedade o tratamento é feito com medicamentos, porém a terapia faz-se estritamente necessária. A Terapia Cognitivo-Comportamental é a mais indicada, já que possui evidências científicas excelentes no tratamento desse transtorno.
Se você possui ou conhece alguém que possui essa doença, procure ajuda especializada!