A dependência de álcool acomete de 10% a 12% da população mundial e precisamos saber um pouco mais como lidar com o alcoolismo e o que podemos fazer para ajudar pessoas de nosso círculo social que necessitam de tratamento.
Existe um limite do beber seguro ou “beber social”?
Inúmeros estudos já foram feitos tentando responder essa questão e um conceito importante para entender a organização dessas pesquisas é o de unidade de álcool. Uma unidade de álcool equivale a 10-12 g de álcool puro.
Bebida | Volume | % de álcool | Gramas de álcool | Unidades |
Vinho Tinto | 90 mL | 12% | 11g | 1,1 u |
Cerveja | 350 mL (1 lata) | 5% | 17g | 1,7 u |
Destilado | 50 mL (1 dose) | 50% | 25g | 2,5 u |
Existe uma tabela de risco para saúde física no uso crônico do álcool de acordo com a quantidade ingerida, veja:
Risco | Mulheres | Homens |
Baixo | Menos de 14 unidades por semana | Menos de 21 unidades por semana |
Moderado | 15 a 35 unidades por semana | 22 a 50 unidades por semana |
Alto | Mais do que 36 unidades por semana | Mais do que 51 unidades por semana |
Então, por exemplo, um homem poderia beber até duas latas de cerveja por dia, ou uma dose de destilado, principalmente às refeições sem grandes problemas para a sua saúde.
É importante ressaltar, entretanto, que as complicações relacionadas ao consumo de álcool não estão necessariamente relacionadas ao uso crônico. As intoxicações agudas deixam os indivíduos mais propensos a acidentes e estudos mostram que qualquer dose de bebida alcoólica, por menor que ela seja, aumenta o risco de morte entre adolescentes e adultos jovens.
Em resumo, o “beber social” (de acordo com as unidades sugeridas nos estudos) tornaria baixo o risco de saúde física, porém NÃO isento, principalmente em relação aos acidentes relacionados ao uso de álcool. Hoje sabe-se que álcool é responsável por cerca de 60% dos acidentes de trânsito e aparece em 70% dos laudos das mortes violentas.
Quando o “beber” passa a ser patológico?
A Organização Mundial da Saúde coloca dentro da sua classificação de doenças uma condição chamada Síndrome de Dependência do Álcool. A dependência não é uma condição de tudo ou nada, ou seja, ou uma pessoa é um alcoolista ou não é; isso deve ser visto como um processo no qual a pessoa fica gradualmente ao longo dos anos dependente de uma droga chamada álcool.
A dependência muitas vezes começa a partir do momento que a pessoa inicia a ingestão de quantidades suficientes de álcool capaz de provocar algum tipo de ressaca no dia seguinte. A ressaca é uma indicação de que a pessoa bebeu mais do que deveria. O álcool é um depressor do sistema nervoso central, e quando a pessoa bebe muito ela fica momentaneamente menos ansiosa, sonolenta, etc. Quando o efeito do álcool passa, o sistema nervoso não volta imediatamente ao seu normal, mas tem uma reação rebote a esse efeito depressor do álcool, portanto a pessoa tenderá a ficar mais nervosa no dia seguinte, irritada, não conseguindo dormir direito. Portanto a ressaca que a pessoa sente é em parte uma falta que o organismo sente do álcool, é o que chamamos de sintomas de abstinência do álcool. A medida que a pessoa passa a ter essas ressacas repetidas ela aprenderá que parte do desconforto do dia seguinte pode ser aliviado se ela começar a beber novamente, e é aí que começa a dependência… e o beber “patológico”.
Existe algum teste de triagem para determinar a presença de uso nocivo ou de risco?
Sim, existe um teste chamado CAGE, onde o consumo de álcool é considerado de risco a partir de duas respostas afirmativas, confira:
1. Alguma vez o (a) Sr. (a) sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber? 2. As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber? 3. O (A) Sr. (a) se sente culpado (a) (chateado consigo mesmo) pela maneira como costuma beber? 4. O (A) Sr. (a) costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca? |
O que fazer quando percebo que alguém precisa de ajuda?
Uma das características mais importantes do alcoolismo é a negação de sua existência por parte do usuário. Raros são aqueles que reconhecem o uso abusivo de bebidas. Desse modo, a melhor maneira para ajudar o alcoolista é ser empático com ele e abordá-lo com cautela, oferecendo ajuda sem julgá-lo. É essencial a ajuda de profissional experiente na área para abordar com ele o assunto e indicar os tratamentos disponíveis atualmente. Procure um médico Psiquiatra!