Em todo o mundo, mais de 350 milhões de pessoas sofrem com os sintomas da depressão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que o risco de desenvolver a doença seja duas vezes maior no gênero feminino. O número discrepante entre homens e mulheres diagnosticados com o transtorno depressivo é tema de estudos em diferentes partes do mundo. Segundo especialistas, os dados podem ser justificados por fatores biológicos e socioculturais.
Fatores biológicos para a depressão
A prevalência de casos de depressão em mulheres pode estar associada à forma como a área de processamento de recompensas do cérebro, chamada estriado ventral, reage frente ao surgimento de distúrbios inflamatórios. A constatação foi feita por uma pesquisa comandada por cientistas norte-americanos da Universidade da Califórnia. Entre os integrantes do grupo analisado no estudo, identificou-se que mulheres, livres de sintomas da depressão, ao ingerir uma toxina que desencadeava uma reação inflamatória, apresentavam redução na atividade do estriado ventral. O mesmo não era observado nos participantes do gênero masculino. Outros fatores associados à depressão na mulher incluem a brusca alteração hormonal causada pela gestação, pelo climatério e até pelo período menstrual. Estima-se que entre 10% e 20% das gestantes sofram de depressão. Os casos podem se agravar após o parto, seja pelo cansaço gerado pela chegada do bebê, pela insegurança ou pela brusca alteração na rotina familiar. Durante a gestação, os reflexos vão além do surgimento de sintomas, como insônia, sonolência ou extrema tristeza. Em alguns casos, a depressão pode afetar o bebê, que corre o risco de nascer prematuro ou abaixo do peso. Já no climatério – mais especificamente na perimenopausa, período que antecede a menopausa – há alterações consideráveis nos níveis de estrogênio e progesterona. Nessa fase, a mulher se torna mais vulnerável aos sintomas físicos e psíquicos. No último caso, inclui-se desânimo, irritabilidade e instabilidade do humor. É durante a perimenopausa que mulheres com antecedentes de depressão pós-parto e tensão pré-menstrual ficam mais suscetíveis ao desenvolvimento de transtornos depressivos.
Desinformação e preconceito contra a depressão
Alguns profissionais defendem que o número maior de mulheres, diagnosticadas com depressão, pode ser justificado pelo fato de que pacientes do gênero feminino buscarem mais auxílio médico. Dados do Ministério da Saúde mostram que um terço dos homens não cuidam da própria saúde. Quase 60% da população masculina não costuma ir ao médico de forma periódica. Além disso, mais da metade só procura auxílio médico quando os sintomas da doença já estão avançados. Outro ponto é a existência de estigmas em relação à doença, que faz com que os homens não procurem ajuda ao identificar o surgimento dos sintomas.
Tratamento da depressão
Existem diferentes formas de tratar os sintomas da depressão, que vão desde o uso de medicamentos à psicoterapia. No tratamento medicamentoso, o uso de antidepressivos auxilia no restabelecimento do equilíbrio químico do sistema nervoso central, atuando diretamente nos neurotransmissores do cérebro. Já a psicoterapia pode ser realizada de diferentes formas, seja por meio do atendimento individual ou da participação em grupos de apoio. Em alguns casos, as duas formas de tratamento podem ser realizadas paralelamente, com foco no aumento da efetividade. A melhor forma e o período de duração do tratamento devem ser definidos junto ao seu médico de confiança. Quer saber mais sobre a depressão? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como
psiquiatra em Lucas do Rio Verde!