A psicose é um distúrbio psíquico que causa alucinações ou delírios sobre a realidade vivida. Nos casos de psicose compartilhada, a percepção ou interpretação do indivíduo acometido envolve mais pessoas do convívio próximo, geralmente da mesma família.
Dessa forma, o termo é usado para descrever a relação psicopatológica, independentemente do diagnóstico individual dos envolvidos. Outro nome dado a este transtorno é Folie à Deux, que significa loucura a dois, em francês.
Na psicose compartilhada, na maioria das vezes, há uma pessoa que pode ser chamada de “indutor” ou “caso primário” ou, ainda, “dominante”. Esse indivíduo já tem um transtorno psicótico com delírios acentuados e induz ou compartilha suas crenças delirantes, total ou parcialmente, com a pessoa com quem se relaciona. Frequentemente, é um sujeito mais passivo e inicialmente saudável.
Ou seja, o episódio clínico pode ser baseado em laços sanguíneos como, por exemplo, entre pais e filhos ou casais. Pode, ainda, ser baseado em vínculos em que as pessoas convivem há muito tempo e, em alguns casos, com relativo isolamento social.
A combinação de alucinações e pensamentos delirantes pode causar sofrimento severo e mudança brusca no comportamento. Experimentar tais sintomas é muitas vezes associado a um episódio psicótico.
Conheça alguns exemplos de psicose compartilhada
As alucinações compartilhadas podem variar de acordo com o diagnóstico do indutor. Em algumas ocorrências, as fantasias vividas são relativamente bizarras. Por exemplo, a crença de que a família pode estar sob influência de forças estranhas ou absorvendo radiação de algum equipamento e, por isso, todos têm sentido náuseas ou diarreia e compartilham sintomas comuns.
Outros vivem delírios congruentes ou derivados de humor. O caso primário, em breve, receberá uma quantia de dinheiro ou benefício que permitirá à família viver uma situação mais confortável. A partir dessa crença, todos começam a se comportar vivendo tal situação e vislumbrando planos.
Há também as imaginações mais comuns. O indivíduo, por exemplo, está com os aparelhos de comunicação grampeados e tudo o que faz está sendo vigiado por alguém que o persegue, ou pela polícia.
Apesar de ocorrer com mais regularidade em relacionamentos de apenas duas pessoas, a psicose compartilhada pode incidir sobre um número maior de indivíduos, especialmente em situações familiares em que um dos pais é o dominante e os filhos, às vezes em graus variados, adotam suas crenças delirantes.
Informações importantes sobre o tratamento da psicose compartilhada
Os indivíduos que compartilham o transtorno raramente buscam tratamento. Em geral, eles são levados à assistência clínica quando o indutor recebe o cuidado especializado.
Se o relacionamento com o caso primário é interrompido, os comportamentos delirantes do outro indivíduo tendem a diminuir gradualmente, ou mesmo desaparecer. Por isso, é comum começar o tratamento separando os dois ou demais envolvidos.
Geralmente, é necessária uma terapêutica com antipsicóticos, acompanhamento psicoterápico e terapia cognitiva comportamental para a pessoa indutora.
O caso secundário da psicose compartilhada também pode exigir medicação, mas, caso o afastamento seja suficiente, pode-se restringir o tratamento ao acompanhamento psicológico semanal.
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