A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 23 milhões de brasileiros, o que corresponde a 12% da população, têm algum tipo de transtorno mental. Ainda, segundo o órgão, cinco milhões dessas pessoas têm um quadro de transtorno grave e persistente.
O que saber sobre transtorno mental
Trata-se de um termo que abrange uma grande variedade de condições que afetam humor, raciocínio e comportamento. Os mais comuns são ansiedade, depressão, transtorno bipolar, demência, déficit de atenção com hiperatividade, esquizofrenia, transtorno obsessivo-compulsivo, autismo e estresse pós-traumático.
Pacientes psiquiátricos sempre viveram à margem da sociedade. Durante muito tempo, pessoas com transtornos eram internadas em manicômios e, muitas vezes, abandonadas, perdendo total contato com a família.
Com a reforma psiquiátrica, foi adotado o modelo psicossocial, que propõe um tratamento humanizado para quem sofre algum tipo de transtorno, proporcionando dignidade. A partir daí, a família ganhou um papel fundamental de participação no tratamento.
Entretanto, como os transtornos podem provocar diversos comprometimentos psicológicos, psíquicos e cognitivos, a família pode passar por dificuldades, que vão desde a convivência até os momentos de crise.
As dificuldades enfrentadas por familiares
Inúmeros são os obstáculos enfrentados pela família de um indivíduo que possui transtorno. Essas dificuldades abrangem aspectos financeiros, sociais, estruturais e psicológicos. Porém, aqui, abordaremos apenas a última perspectiva.
Aceitação
O primeiro passo é aceitar que o transtorno existe, pois é a partir da aceitação que a família busca entender mais sobre a psicopatologia que o familiar tem e a estudá-la, com objetivo de saber lidar e compreender cada situação.
Esse pontapé inicial é o que fará com que a família do portador do transtorno também aceite e busque tratamentos.
Convivência
A convivência com o indivíduo que possui algum tipo de transtorno pode ser extremamente delicada. Entretanto, a chave para lidar com essa circunstância é a paciência. A intenção é que, por meio dela, sejam evitados conflitos e desgastes de relação.
É preciso entender que, de acordo com a psicopatologia, existirão sintomas que podem dificultar o convívio social.
Crises
É muito comum haver episódios de crises em psicopatologias. A família precisa estar preparada para tais momentos. Conhecer o transtorno e, mais ainda, o comportamento do familiar, é fundamental para saber não só identificar precocemente as situações críticas, como também saber intervir corretamente.
Privação social
Pessoas psicopatológicas ainda sofrem grandes estigmas sociais. Em muitos casos, o preconceito também atinge toda a família, que passa a restringir a sua vida na sociedade. Outro fator que contribui para o afastamento social são os cuidados que o transtorno exige, uma vez que podem impossibilitar o convívio do cuidador e do indivíduo com o restante da própria família.
Autores da área da saúde mental defendem que a família é, para qualquer indivíduo, um alicerce. Entretanto, para uma pessoa que possui transtorno, ela tem ainda mais importância. Isso porque em muitos casos, precisa de cuidados e apoio especiais.
O preconceito fortemente enraizado e os problemas estruturais intensificam tais dificuldades. Cuidar de um familiar com transtorno mental exige muito amor, compreensão e união de toda a família para proporcionar a ele toda saúde e qualidade de vida que for possível.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como psiquiatra em Lucas do Rio Verde!